Um dia sem ventar
Sentado a dispensar
Palavras no silêncio de uma janela fechada
Um desfoque do foco
Uma mudez entoada
No silêncio eu estoco
Uma lucidez mal planejada
E descubro na janela
O silêncio da loucura almejada
Um dia sem ventar
Sentado a dispensar
Palavras no silêncio de uma janela fechada
Um desfoque do foco
Uma mudez entoada
No silêncio eu estoco
Uma lucidez mal planejada
E descubro na janela
O silêncio da loucura almejada
TiC tAc...
tIc TaC...
TIC TAC...
Tic tac, a apneia começa a tocar...
Os segundos de loucura a chegar...
Vidros quebram...
Paredes se vão...
Dores, decepção...
Não adianta tentar...
O sufuco, a raiva, a dor...vão te pegar.
Exploda as emoções...
Contenha os surtos por milésimos.
Em intervalos respiratórios, intensos e sem ar.
Os olhos ardem a insônia febril...
Um sono, um ressono, um transtorno...
Obsessivo, compulsivo...aleatório.
Uma multidão sem plateia, um oratório..
Dói na alma, enfrenta os dragões...
Suicídio compulsivo dos padrões..
A dor, algo que não podemos mensurar.
Alguns estão a sentir, outros estão a causar.
Fica vagando pelo corpo…
Abrindo as fendas dos multiversos dessa loucura...
De remédio em remédio…
Volto a respirar o meu sufoco.
Até me tirar do tédio…
Uma licença aqui…
Outro médico ali…
Mais doses...
Momentos intensos de alegria na tristeza...
Sorrisos macabros e sem avareza...
Indelicadeza..
Daquela nobre Realeza...
Que se diz conhecer a Razão...
Mas nunca entendeu o caminhar e a escuridão.
Como viver e dizer?
Como dizer e fazer?
Mais uma dose então...
Indecisão, insegurança...
Dos impulsos, dos choros, das dores, da incompreensão...
Escolhas em vão.
Doenças, sequelas, choros...
Lá se vai um remédio, uma oração...
E vamos fazer o complemento da loucura.
Nada como um poeta perdido.
Ali, aqui, acolá...
Rio acima ele está..
Para lá...
Ele vai sem rimar.
Com traços subversivos...
Apaga o texto...escreve o céu...
Subtendido e indefinido...
Luzes...Luzes...LUZES!
Trovões solares em nuvens aritméticas...
Foi o poema...
Descrito, transcrito, escrito...
Amassado e formado entre pontas quebradas e apagões..
Giz, borracha e canções...
E assim foi...
Ficando claro que as curvas já não cabiam no papel.
Os traços inconstantes e perfeitos, seguiam as três direções...
Cabeça, papel e coração, qual seria a mais certa dimensão?
Um arquivo fácil de achar e difícil de decifrar...
Com palavras, sílabas e ciladas...
Cada letra fazia a sua jogada...
E no final, ao encontrar um jangada...
Rimou e remou a sua entoada.