terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Olhar no pensamento

Olhos entreabertos, passando somente um pequeno e brilhoso filete de pensamento.
Raios e eclipses depois do despertar mantém a retina...
Retina que segue a visão da rotina...
Rotina cega e iluminada por pensamentos.
Pensamentos que sem pensar se transformam nos sonhos...
Ao pensar em algo que não tem sentido...
....em brancos coloridos...
Aconteci de momentos...
Brilhei no opaco...
Olhei nos pensamentos.
Pisquei, pisquei, rasurei...
Resposta ao ofegante respirar matinal.
Como uma risada riscada por um giz gigante e apagado...
Coisa bela, banal.
Salivei de um jejum poético que me abalava...
Mente criativa sem atividades...
Sedento, com olhar seco e faminto...
Leio amor, escrevo a dor e não sei o sabor...
Amei, amo e amarei sempre.
Loucuras e misturas de pensar...
Ah se eu soubesse que ali pensando no tempo encontraria as razões para abrir os olhos.
Enxergar...
Cada piscar de uma estrela solar.
Acorda uma saudação lunar.
Que em saudade aposentada traz a alegria do enxergar.
Fechei o tempo e a poesia, mas por outrora...
Agora...
Rasurei a minha caixola...
E escrevi um pensamento de um olhar...

3 comentários:

  1. Um pensamento de um olhar... abstrato e profundo!
    As reticências são marcas de seu escrever; e dão ao leitor inúmeras margens interpretativas; ou melhor, dão ao leitor a possibilidade de completudes desses espaços os quais vão tornando o leitor 'dono' do poema.
    Isso é o que faz dos poetas seres especiais!

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  2. Abrir os olhos do pensamento e jogar para baixo das pálpebras as saudades aposentadas é tornar possível ter olhos de refletir e mente de ver. É acordar espantando para debaixo do travesseiro a estagnação e deixar a preguiça só para convidar a amada para deitar e depois despertar com toda a disposição do mundo.
    Lembrei-me da Farsa da Boa Preguiça de Ariano Suassuna. Delícia!
    Beijos de sua mãe Marta.

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  3. Cara, que texto viu!?!? Fica até difícil apontar uma ou mais passagens que gostei mais...

    O poeta precisa ser abstrato, uma vez que o concreto não contagia, não transmite ideias novas nem inspira. Quando conclui isso, ele - o poeta - percebe que seu principal desafio é criar o abstrato de forma que possa ser compreendido (o que não significa ter um sentido determinístico para o que ele escreveu, mas que induza as pessoas a entrar em um clima de sentimento ou momento gerando nas pessoas diversas interpretações que variam conforme a natureza e momento de vida de cada um).

    Mas por que eu estou dizendo tudo isso? Simples: porque você fez exatamente isso em seu poema. Criou um abstrato claro, e a cadência das passagens foi montando um cenário cada vez mais claro que não nos dá outra opção a não ser continuar com os olhos "pregados" verso a verso para se surpreender com técnica da próxima e ir se identificando cada vez mais. No final, qualquer leitor em sua sã consciência já se substitui pelo personagem em primeira pessoa, se colocando no lugar dele. É isso que acontece com os poemas que criam um abstrato claro e contagiante.

    Eu tinha dito que não conseguiria destacar nenhum dos versos, certo? Mudei de ideia:

    “Raios e eclipses depois do despertar mantém a retina...”

    “....em brancos coloridos...”

    “Coisa bela, banal.”

    “Salivei de um jejum poético que me abalava...”

    “Que em saudade aposentada traz a alegria do enxergar.”

    Parabéns amigão! Muito bom mesmo! Esse e o “Shine on Blackout Dreams” entraram na lista das minhas rasuras prediletas!

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